quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Muamar Kadafi, um homem maior que o seu tempo


Nestes tempos de governantes medíocres como Bushs, Obama, Sarcozy, Cameron, Berlusconi, Hollande, imperialistas ensandecidos que tripudiam na mídia mercenária, verdadeiros lobos disfarçados de cordeiros na mídia sionista e criminosa, relembrar de Muamar Kadafi é reconhecer que ele sempre foi um homem acima do seu tempo.

O pequeno beduíno nascido em Sirte, cujo avô – sua fonte de sabedoria – morreu lutando contra o colonialismo italiano, assistiu o pai e o tio serem presos por fascistas italianos, e desde os 12 anos bebeu da fonte das palavras de Gamal Abdel Nasser, o líder egípcio que pregava no nacionalismo árabe e a luta sem trégua ao estado artificial de Israel. Kadafi fez os estudos secundários na cidade de Sabha, onde, em 1956, formou, junto com três colegas, a primeira célula de seu futuro movimento revolucionário, que tinha como objetivos apoiar o programa pan-árabe de Nasser e, a longo prazo, derrubar o rei Idris I, um fantoche do imperialismo anglo-americano. Naquele mesmo ano participou de protestos anti-israelenses durante a Crise de Suez.

Os integrantes daquela primeira célula decidiram seguir carreira militar para futuramente articular um levante militar. Cada um deles iria formar uma segunda célula com mais três integrantes, que, por sua vez, também formariam novas células, e assim progressivamente. Para garantir a segurança do movimento, cada revolucionário somente conhecia os integrantes e as atividades das duas células das quais participava. No início de outubro de 1961 organizou uma manifestação de jovens em apoio à guerra de independência da Argélia, que teve também conteúdo antimonarquista, o que resultou em sua prisão e expulsão da cidade. O jovem líder concluiu o ensino secundário em uma escola de Misrata, onde criou uma nova rede de células revolucionárias, e naquela cidade também foi elaborado um código secreto para proteger a comunicação entre os líderes das diferentes células da repressão policial. Para evitar a repressão, a organização se apresentava como um grupo de debates sobre Nasser e de atividades antisionistas, ocultando o objetivo de derrubada da monarquia.

Após o término de seus estudos secundários, Kadafi iniciou a carreira militar. Integrou a Academia Militar de Benghazi, segunda principal cidade do país, e também estudou na Real Academia Militar de Sandhurst, na Inglaterra. Relatos da época informam que Kadafi se recusava a vestir roupas ocidentais, sendo discriminado ao caminhar pelas ruas com sua túnica árabe. Altivo, seguro, jamais baixou os olhos diante dos colonialistas ingleses, chegando a enfrentar policiais que tentaram amedronta-lo. De volta à sua terra natal, liderou oficiais na revolução Al Fateh que libertou a Líbia da monarquia do Rei Idris I, criando a Jamahiria Árabe Popular Socialista Líbia, considerada a “jóia da África”.

A Líbia kadafista era o país com o maior IDH e melhores condições de vida de todo o continente africano, incluindo de países como Brasil, Rússia e Argentina, entre muitos outros. Kadafi investiu fortemente na educação do seu povo. O país tinha o menor número de analfabetos do mundo árabe e da África. Em 1981 Anthony Quinn, Oliver Reed, Rod Steiger, Irene Papas, John Gielgud, Raf Vallone, Sky Dumont, Gastone Moschin e Adolfo Lastretti foram convidados a filmar na Líbia um clássico da cinematografia mundial, “Omar Moukhtar, o leão do deserto”, mostrando a luta do povo líbio contra o domínio italiano. Kadafi, com este filme, conseguiu mostrar ao mundo as atrocidades dos italianos na Segunda Guerra e o heroísmo do povo árabe líbio.

Nos anos que se seguiram Omar Moukhtar foi estudado nas escolas líbias, como se Kadafi pressentisse um fim igual ao dele, lutando pela libertação de seu país diante de forças militares muito superiores. Três meses antes do início da guerra de ocupação da Líbia pelos EUA/Otan, estive na Líbia e vi diversos painéis pelas ruas com fotos de Omar Moukhtar. Kadafi pressentia e se preparava para morrer lutando, exatamente como fez o “Leão do deserto”. A rica Jamahiriya Líbia enviava médicos, dentistas e medicamentos a diversos países africanos, para auxiliar na luta contra a pobreza e a miséria. Apoiava movimentos revolucionários que lutavam por libertação em diversos países do mundo. Tudo isso contrariava os planos terroristas dos governos dos EUA, Inglaterra, França e Israel, empenhados em submeter as nações para roubar suas riquezas naturais. Por isso a Líbia foi bombardeada duas vezes durante o governo da Era das Massas (Jamahiriya). Mas seu povo resistiu heroicamente.

Para destruir o governo das massas, para assassinar Kadafi, o governo dos Estados Unidos da América precisou recorrer à Otan, uma organização mafiosa que reúne governos fantoches do imperialismo e do sionismo. Convidado a se refugiar em diversos países, Kadafi sempre se recusou a abandonar seu povo e morreu lutando pela libertação da Líbia. Fosse Kadafi um ditador, como a imprensa mercenária ocidental apregoa, ele jamais teria tomado as posições que tomou em defesa da revolução mundial e do seu povo. Os monarcas árabes que destinam as riquezas de seus povos ao luxo, egoísmo, prostituição e traição ao povo árabe, são aliados dos imperialistas e sionistas, e jamais foram atacados pelos governos dos EUA, Inglaterra, Israel e França. A traição é bem recompensada neste mundo governado por líderes medíocres. Muamar Kadafi era um homem acima do seu tempo, pensava além do seu tempo, e como tal, não poderia sobreviver neste mundo governado pela mediocridade, covardia e traição dos imperialistas e sionistas.

José Gil