domingo, 8 de março de 2015

Muamar Kadafi, a estrela que jamais deixará de brilhar


Muamar Kadafi nasceu em 7 de junho de 1942, numa família de beduínos, em uma tenda no deserto líbio, próximo à cidade líbia de Sirte (norte).

Durante sua vida, manteve contato com beduínos comerciantes que viajavam pela região de Sirte, com quem adquiriu e formou suas precoces posições políticas, adquirindo livros e publicações árabes progressistas. Kadafi nasceu em berço de guerreiros. Muitos de seus familiares tombaram lutando ou foram presos na luta contra o colonialismo italiano, liderada por Omar al-Mokhtar. O avô de Kadafi, que o tratava como um dos netos prediletos e mais queridos, foi morto em combate. O pai e o tio de Kadafi foram prisioneiros dos italianos.

Aos 10 anos de idade, Kadafi chamava a atenção por saber ler e escrever corretamente, e por passar grande parte do seu tempo meditando no deserto ou lendo os livros que tinha acesso através das caravanas de beduínos do deserto. Seu pai, um pastor de camelos, compreendia que o filho tinha uma inteligência incomum, e investiu suas magras economias para colocar o filho em uma escola internato na cidade de Sirte.



Aos 12 e 13 anos ouvia pelo rádio os discursos do líder egípcio Gamal Abdel Nasser, que chamava os povos árabes à unidade política (pan-arabismo) e defendia a causa palestina, o que o ajudou a adquirir uma precoce consciência política. Mesmo criança, Kadafi compreendia a verdade nas palavras de Nasser, e passou a admirá-lo e a estudar seu pensamento, tornando-se um de seus seguidores desde a infância – com quem no futuro iria se encontrar e seria chamado por Nasser de “meu filho”.

Kadafi prosseguiu em seus estudos, cursando o secundário na cidade de Sabha, onde, em 1956, formou, junto com três colegas, a primeira célula de seu futuro movimento revolucionário, que tinha como objetivos apoiar o programa pan-árabe de Nasser e, a longo prazo, derrubar o rei Idris I, um rei fantoche dos interesses norte-americanos, ingleses e norte-americanos na Líbia. Naquele mesmo ano participou de protestos anti-israelenses durante a Crise de Suez.

Os integrantes daquela primeira célula decidiram, após sucessivas reuniões, que a melhor forma de defender o povo seria se infiltrando nas Forças Armadas, seguir a carreira militar para no futuro organizar uma revolução popular com apoio de militares. Cada um dos membros de sua célula revolucionária iria formar uma segunda célula com mais três integrantes, que, por sua sua vez, também formariam novas células, e assim progressivamente. Para garantir a segurança do movimento, cada integrante somente conhecia os integrantes e as atividades das duas células das quais participava. No início de outubro de 1961 organizou uma manifestação de jovens em apoio à Guerra de Independência Argelina, que teve também conteúdo antimonarquista, o que resultou em sua prisão e expulsão da cidade.

O jovem líder Muamar Kadafi concluiu o ensino secundário em uma escola de Misrata, onde criou uma nova rede de células revolucionárias, e naquela cidade foi elaborado um código secreto para proteger a comunicação entre os líderes das diferentes células da repressão e infiltração policial. Para evitar a repressão, a organização se apresentava como um grupo de estudos sobre o pensamento de Gamal Abdel Nasser e de atividades antisionistas, de apoio à libertação da Palestina, mas o eixo central era a luta contra a monarquia que empobrecia o povo líbio para enriquecer os estrangeiros que ocupavam – com diversas bases militares – a Líbia. Após o término de seus estudos secundários, Kaddafi iniciou a carreira militar. Integrou a Academia Militar de Benghazi, segunda principal cidade do país, e também integrou a Real Academia Militar de Sandhurst, na Inglaterra, considerada a melhor academia militar inglesa,m onde estudaram, entre outros, Winston Churchill, Abdullah II da Jordânia, Qaboos bin Said Al Said e, mais recentemente, os príncipes William e Harry deGales. Como estudante Kadafi não se enquadrava nos interesses britânicos. No lugar de defender as guerras colonialistas da Inglaterra na África, Kadafi as denunciava e retrucava os argumentos dos professores nas salas de aulas. Ele formou células revolucionárias para defender a Líbia e se recusava a usar roupas ocidentais. Chegou a ser preso por se recusar a usar roupas ocidentais, mas foi liberado em seguida.

Ao regressar à Líbia, o nome de Kadafi era conhecido como o de um jovem revolucionário, nacionalista, líder de um movimento na luta pela libertação do país. No ano de 1969 o governo do rei Idris I passava por uma crise de impopularidade, pois grandes quantidades de petróleo líbio estavam sendo entregue aos Estados Unidos e Europa, sem trazer nenhuma melhoria ao povo árabe líbio. O movimento revolucionário criado por Muamar Kadafi decidiu então deflagrar a revolução libertadora em 1º de setembro de 1969. Atendendo a convocação de Kadafi, o povo líbio saiu às ruas, com o apoio dos militares líbios integrantes das células revolucionárias. Cercaram todas as bases militares estrangeiras em Trípoli (onde na época os EUA tinha sua maior base militar no estrangeiro) e deram prazo de 24 horas para que todos retornassem aos seus países de origem. Ao mesmo tempo em que cercavam o palácio do rei Idris I, que fugiu com o apoio de militares europeus e norte-americanos.

Aos 27 anos de idade Muamar Kadafi liderava uma revolução libertadora para colocar a Líbia entre as nações de destaque no mundo, deixando de ser mais uma colônia de potências estrangeiras com monarcas fantoches de governos estrangeiros. O líder Gamal Abdel Nasser, uma liderança mundial naquela época, manifestou apoio ao novo governo da Líbia, liderado pelo coronel Muamar Kadafi. Nos anos que se seguiram Kadafi construiu uma nação sólida e soberana. Retirou o povo líbio da miséria e do atraso educacional e tecnológico. A Líbia chegou a ser o país com maior IDH da África, comprovando que ele lutava para melhorar a qualidade de vida do povo líbio. Kadafi sabia que não bastava libertar a Líbia, porque as potências estrangeiras estavam unidas e tentavam esmagar a revolução líbia, por isso ele apoiou e financiou diversas revoluções libertadoras em diversos países. Foi o maior financiador da luta de Mandela contra o apartheid na África do Sul e da revolução Sandinista na Nicarágua.



A estrela do deserto, Muamar Kadafi, brilhava não apenas nos desertos da Líbia, mas em toda a África e Oriente. E dessa forma ele foi convidado a participar de reuniões e conferências no Cairo, onde o líder Gamal Abdel Nasser reunir as maiores lideranças árabes daqueles tempos com o objetivo de fazer vencer o pan-arabismo, o movimento político tendente a reunir os países de língua árabe e de civilização árabe numa grande comunidade de interesses.: Hafez Al Assad da Síria, Yasser Arafat da Palestina, Nasser do Egito e Kadafi da Líbia.

No dia 25 de setembro de 1944 o governo de Gamal Abdel Nasser organizou no Cairo um conferência na qual estiveram presentes representantes do Egito, Iraque, Síria, Líbano e Transjordânia (Jordânia a partir de 1950). As conclusões do encontro traduziram-se na elaboração de um protocolo que visava aumentar a cooperação entre os países árabes. Esse protocolo ficou conhecido como Protocolo de Alexandria e foi assinado a 7 de outubro do mesmo ano, que propunha a formação de uma Liga de Estados Árabes. A Liga daquela época era o oposto da liga atual, onde as monarquias árabes fizeram retroceder todos os ideais pan-árabes e submeteram os governos os interesses criminosos e terroristas de Israel e Estados Unidos.



Nesse contexto, Kadafi jamais traiu a causa de unificação dos países árabes na luta por seus interesses. Gamal Nasser morreu envenenado por agentes do Mossad e da CIA, a exemplo de Yasser Arafat. Hafez Al Assad morreu de morte natural após passar toda sua vida lutando contra os inimigos dos povos árabes. Muamar Kadafi morreu no campo de batalha, lutando heroicamente contra a coalizão das maiores potências do planeta. O governo dos EUA, França e Inglaterra utilizaram a OTAN para atacar a Líbia e destruir o país mais próspero da África e do mundo árabe.

A Líbia que havia erradicado a pobreza e o analfabetismo, que havia levado água ao deserto através do Grande Rio Artificial, que levava médicos, dentistas e remédios para vários países africanos, teve sua infraestrutura destruída pelas bombas da OTAN e seus cúmplices sanguinários.

Hoje o país enfrenta falta de alimentos, água e gasolina, embora seja um dos maiores produtores de petróleo no mundo. Militares norte-americanos, ingleses e franceses ocupam poços de petróleo para roubar sua produção com a desculpa de “despesas de guerra”. As armas despejadas em abundância pela OTAN no território líbio fomentam o contrabando de armas e o surgimento de grupos criminosos e terroristas. Hoje o que se vê na Líbia é caos e desolação, mas a estrela do deserto, Muamar Kadafi, continua brilhando, iluminando a todos com seu exemplo de honradez, valentia e dignidade, para iluminar os caminhos dos futuros combatentes por uma Líbia livre e soberana.

José Gil